segunda-feira, 13 de junho de 2011

AMIGA GUERREIRA ENSINA A ENSINAR


Fiquei emocionada ao visitar a PROFESSORA Marilurdes de Abreu, na semana que passou (dia 08/05), para conhecer seu trabalho. Marilurdes, amiga guerreira, é professora infantil da turma de nível 5, na EMEF Jorge Ewaldo Koch (bairro Rondônia, Novo Hamburgo, RS). Fui ver o resultado de suas aulas sobre a história e a cultura indígena. Muitas vezes, achamos difícil tratar temas desta profundidade com crianças tão pequeninas. O quê poderiam aprender sobre os indígenas, crianças que sequer estão alfabetizadas? Marilurdes mostra que podem aprender sobre este tema, sim. E muito.

Com o amor de uma autêntica intelectual orgânica, ela soma todo o conhecimento acadêmico adquirido no curso superior de Pedagogia com o aprendizado prático que seus alunos lhe proporcionam. Usa a força fabulosa da fantasia infantil para abrir caminhos que a inteligência viva das crianças percorre com alegria.

E o que ela fez, neste caso específico? Tudo aparentemente muito simples, mas profundo e feito com o esforço e a dedicação de quem tem carinho por suas crianças.

Primeiro, levou a turminha para conhecer o Museu do Índio, na Fundação Evangélica, onde viram arcos, flechas, diversos utensílios, todos de índios amazônicos. Em casa, pesquisou sobre os índios que viveram no Rio Grande do Sul e em Novo Hamburgo, kaingangs e guaranis, verificando o que tinham e comum e o que tinham de diferente em relação à tribos do norte brasileiro. Para a aula, levou uma coleção daquelas de estatuetas de animais confeccionadas em madeira, arte dos guaranis – kits adquiridos pela Secretaria Municipal de Educação e Desporto, como parte de uma formação junto à Faculdade EST – Ensino Superior de Teologia -, de São Leopoldo, que desenvolve estudos específicos sobre a questão indígena .

Aí, foi brincar com os alunos, brincar de índios. Lembrou dos arcos e flechas, das canoas, das conchas... e propôs desenhar e confeccionar coisas relacionadas com este tema. Aproveitou para conversar... observar, por exemplo, que os índios não gostam de derrubar árvores, nem mesmo de retirar galhos para seus trabalhos. Preferem utilizar madeira já caída na floresta. Desta forma, contam com material mais maleável para trabalhar. E também evitam agredir a natureza.

Porquê é importante respeitar a natureza? Muito simples: os índios precisam dela porque é quem lhes dá os peixes com que se alimentam. Vamos brincar de pescar? Vamos desenhar índios nas suas canoas?... com os rios cheinhos de peixes. E, aí, observa que os rios precisam ter águas limpas para que os peixes possam crescer saudáveis.

A natureza também lhes dá as contas com que produzem colares para se enfeitar. Vamos fazer colares? Olha como usam sementes coloridas. Algumas são pintadas. As tintas que os índios usam são tintas que não poluem a água, que a natureza consegue reaproveitar com facilidade. As estatuetas de madeiras, por exemplo, são pintadas com uma tinta produzida com a mistura de areaia e urina.

E por estes caminhos, Marilurdes vai ajudando suas crianças a usarem fantasia e imaginação para se apropriarem de realidades e valores importantes, como a diversidade, a preservação do meio ambiente e o respeito, tanto à natureza como às diferentes culturas e etnias.

Para finalizar, junto com as crianças organizou uma rica exposição de seus trabalhos e preparou os pequenos para – eles mesmos – conversarem com colegas de outras turmas para compartilhar com eles seus novos conhecimentos.

E eu, como disse lá no início deste artigo, me emociono. Me alegra, especialmente, o fato de que muitas outras professoras – e professores – vem realizando trabalhos semelhantes. Como Marilurdes, que, relacionando o indígena e o meio ambiente, mostra como se pode, com toda naturalidade, incluir no currículo a questão da diversidade. E compartilho tudo isto com vocês.

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