sábado, 9 de julho de 2011

AFRICANIZANDO

Encontrei este texto no site do Homem Arara ( http://www.homemarara.com ). Faço minhas cada uma das suas palavras:

AFRICANIZANDO

Tenho visto, ao sobrevoar o facebook, alguns amigos declarando: “eu africanizo São Paulo”. Dois que me chamaram muito a atenção são a maravilhosa dançarina Débora Marçal e o rapper e produtor musical Ayo Shani. Do pouquíssimo que conheço dos dois, tem em comum a energia pulsante da cultura popular brasileira combinada com a doçura dos que sabem que estão contribuindo para fazer florir “o universo de belezas que a negritude criou”.

Débora é fundadora da “Capulanas – Cia de Arte Negra”. O que conheço do seu trabalho se resume às fotos em seu perfil no face. São dezenas de fotos em que se vê o universo de possibilidades da dança afrobrasileira. Muita beleza, muita alegria, muito movimento, muita cor e, sobretudo, uma alegria generosa, quase infantil (não fosse o olhar maduro, de mulher consciente habitando o rosto de menina).

Ayo Shani (nome que mistura os idiomas yoruba e swahili, e significa “maravilhosa felicidade”) traz outras maravilhas da arte negra. É um rapper de ritmos bem elaborados e poesia cortante, integrado ao movimento cultural muito forte da periferia de São Paulo (em que estão também o poeta viralata Sérgio Vaz e o rapper muçulmano Kaab al Qadir, de Embu). Bonito, mesmo, é a quase reverência com que fala de seu pai, TC – Antonio Carlos dos Santos Silva, fundador da Casa de Cultura Tainã, em Campinas, e da Orquestra Tambores de Aço, a primeira orquestra de steelpan do Brasil.

Sobre esta orquestra, aliás, Ayo oferece um vídeo (http://www.youtube.com/watch?v=jhwu54PAM0U&feature=player_embeddedat=47 ) fantástico. Conheci os tambores de aço há muitos anos atrás, sobrevoando o Greenwich Village, em Nova Iorque, tocados por um grupo de jamaicanos. Nunca esqueci. Imaginem minha alegria ao ver isto também no Brasil.

O que Ayo traz, enfim, são algumas das melhores – e menos conhecidas – características da cultura afrobrasileira. A primeira é este respeito profundo aos ancestrais. A segunda é a fantástica capacidade de incorporar outras culturas. Estas duas características combinadas fazem com que “africanizar” signifique também “universalizar”: ao mesmo tempo, aprofundar raízes e ampliar os ramos de uma árvore secular.

E é neste sentido que torço muito pelo trabalho que estão fazendo."

Nenhum comentário:

Postar um comentário